Vita Nuova (Manuel Bandeira)

VITA NUOVA
Manuel Bandeira

De onde me veio esse tremor de ninho
a alvorecer na morta madrugada?
Em todo o meu ser...Não era nada,
senão na pele a sombra de um carinho.

Ah! bem velho carinho! Um desalinho
de dedos tontos no painel da escada.
Batia a minha cor multiplicada,
-era o sangue de Deus mudado em vinho!

Bandeiras tatalavam no alto mastro
do meu desejo. No fervor da espera
clareou a distância o súbito alabastro

e na memória em nova primavera,
revivesceu, candente como um astro,
a flor do sonho, o sonho da quimera.

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